quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

1º Semestre (Cap. 3)


     A Universidade é algo grandioso, a começar pelo prédio. Nos perdemos constantemente, entrar em sala errada é comum. Troca de professores, uns encantadores, outros....nem tanto. Faz parte da vida, aprender a conviver com todo tipo de gente começa nas salas de aula. Nos perdemos nos horários, chegamos atrasados e perguntamos tudo, tudo mesmo, até um espirro do professor nós queremos saber Por que.
   A compra do primeiro jaleco. Momento mais esperado por qualquer estudante da área da saúde. Na matricula já estamos pensando em como será o jaleco, até que chega o professor e joga um balde de água fria dizendo...” o jaleco será todo branco”. Nada! Nenhuma estrelinha, nenhum bordado, nada de cor de rosa.
     O primeiro semestre do curso de Enfermagem é um tratamento de choque. Começa pela Anatomia. Um aglomerado de corpos, pedaços de pernas de braços, e ossos espalhados  numa sala. Um cheiro insuportável do formol leva-nos as lágrimas, enjôos, espirros. Até que um dia se acostuma e começamos a achar tudo aquilo um espetáculo da criação. A anatomia humana é assim do terror ao amor em apenas duas semanas.
    Somos sufocados por um código de ética profissional. O que devemos e o que não devemos fazer, o que seguir, como tratar o cliente ou os colegas de trabalho. Tudo se encontra num livro que temos ler e reler para que não haja nenhuma falha no atendimento.
    Na introdução a Enfermagem aprendemos que a pesar do brilhantismo da Florence e da coragem de Ana Nery, não queremos ficar solteiras o resto da vida. “Meu Deus, elas morreram sem casar!”. É o segundo grande impacto depois das aulas da anatomia.  Passamos pela Didática, onde aprendemos a comunicação em público, como se portar e não escapamos das constrangedoras dinâmicas. Por alguns momentos eu penso que nunca ninguém avisou aos professores de didática que nós não ficamos muito confortáveis com as dinâmicas, deve existir um outro jeito de nos descontrair, eu ainda vou descobrir.
    Estudar, estudar, estudar. Provas, seminários, casos clínicos, maratonas, estudos dirigidos, avaliações, filmes, pontos, décimos, escores, tudo muito sofrido. Guerreamos ate a morte por um ponto na prova e um ponto na média então?...Quase impossível! Choramos, imploramos misericórdia ate que um professor se irrite e anuncie um trabalho em grupo e sem apresentação...Um sonho.
   Trabalho cientifico, grupo de pesquisa, tudo isso é procurado no primeiro semestre no auge da empolgação de um futuro enfermeiro. Uma carreira que começa a ser traçada na graça e na beleza do cuidado.
   Mas enfim, sobreviventes ao primeiro semestre, ingressamos no restante no curso que terá duração de quatro anos e meio e o que não faltará serão estórias para contar.     

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