Mas enfim, começa a cirurgia e a primeira que eu assisto é um transplante de fígado. Confesso, nunca tinha visto ao vivo, a cores e a cheiros. Falo do cheiro porque depois de 4 horas cheirando pele queimada por bisturi elétrico você perde completamente a razão de existir. O sangue começa a sumir das pernas,o intestino e o estômago se unem inseparadamente num enjôo sem fim. Em alguns momentos cheguei a procurar o cantinho da sala para cair humilde e discretamente sem forças, mas não foi preciso ir até ele. A primeira experiência nao foi muito boa, o paciente nao resistiu a cirurgia e nem eu...cheguei em casa parecendo o sujeito operado sofri as consequências pós-anestesicas convaleci o pós-operatório alguns dias e hoje sou praticamente transplantanda do fígado. Isso é que da viver intensamente todos os momentos.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Centro Cirúrgico (Cap.6)
Mas enfim, começa a cirurgia e a primeira que eu assisto é um transplante de fígado. Confesso, nunca tinha visto ao vivo, a cores e a cheiros. Falo do cheiro porque depois de 4 horas cheirando pele queimada por bisturi elétrico você perde completamente a razão de existir. O sangue começa a sumir das pernas,o intestino e o estômago se unem inseparadamente num enjôo sem fim. Em alguns momentos cheguei a procurar o cantinho da sala para cair humilde e discretamente sem forças, mas não foi preciso ir até ele. A primeira experiência nao foi muito boa, o paciente nao resistiu a cirurgia e nem eu...cheguei em casa parecendo o sujeito operado sofri as consequências pós-anestesicas convaleci o pós-operatório alguns dias e hoje sou praticamente transplantanda do fígado. Isso é que da viver intensamente todos os momentos.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Obstetrícia (Cap.5)
O choque! Não como estudante de enfermagem, mas como mulher. Defender o parto natural só vendo pela TV é uma coisa, continuar defendendo depois de ter participado de um é outra completamente diferente.
Essa realidade por algum tempo foi muito distante , nos detemos apenas a teoria até que acordamos e nos deparamos com uma sala de parto natural. Dezenas de leitos, um ao lado do outro separados apenas por cortinas, dezenas de mulheres gritando, outras orando e outras num silencio sepulcral , extremamente determinadas a ignorar a dor .
Normalmente este estágio é feito pela manha, hora não muito adequada porque agente acorda na base do susto. As portas se abrem os gritos são ouvidos e a voz da professora enfatiza “A paciente entrou em trabalho de parto, vamos lá agora é a sua vez de auxiliar o parto”. O chão abre, as pernas tremem, os primeiros auxílios são cheios de receio.
Nos é indicado acalmar a paciente enquanto as contrações estão acontecendo...Como é que eu vou acalmar alguém se o meu nervosismo é maior que ó dela? As palavras nunca saem com tanta firmeza até o momento que avistamos a cabeça! Meu Deus, uma cabeça!! E em segundos pula fora um corpo inteiro que chora desesperadamente querendo voltar p o quentinho...é inevitável um sorriso aparecer . É lindo...tão lindo!
Enfim o parto termina e parece que quem teve a criança foi eu, dói as pernas, as costas, os braços , a barriga, a concentração é tanta que agente acaba vivenciando cada fase do parto. O parto natural continua sendo o mais indicado, é o mais dolorido, mas também é o mais saudável.... Se eu vou ter um parto natural?...Prefiro não comentar rsrsrsrs.
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Aprendendo a ser Enfermeira (Cap.4)
Quando nos acostumamos com essa pratica surgem as luvas estéreis. Outro tormento. Essas luvas ate para abrir o pacote tem técnica, não podemos tocar em nada, tudo é muito limpo. Seria mais fácil se houvesse uma mágica do tipo...abrimos o pacote e “alacazan”, eles saltam em nossas mãos num movimento de encaixe perfeito e sem contaminar. Isso nunca acontece, ficamos horas tentando não contaminar a luva e só saímos da sala quando o professor confere toda a técnica. Paciência invejável.
Entramos e saímos da sala 500 vezes até cumprimentar o cliente corretamente. Nesse momento, todo o lado atriz tem que aparecer e as sete horas da manhã estou eu, batendo na porta e sorrindo para um boneco tendo que tratá-lo como gente e dizer : - “Bom dia senhor Antônio, sou acadêmica de enfermagem, me chamo Danielly e estarei no plantão, qualquer problema é só me chamar”.Se gaguejar volta, se errar o texto volta, se não sorrir, volta. Pobre boneco há 15 anos escuta o mesmo discurso todos os dias.
Cada detalhe é muito treinado, estudado meticulosamente. O costume de por qualquer motivo botar a mão na boca tem que sumir e o de lavar as mãos a cada cinco minutos tem que surgir. Os cabelos presos, o sapato é fechado, os brincos pequenos, sem adorno, relógio só dentro do bolso, as unhas sempre curtas e claras, vermelho nunca mais, só nas férias. Ou seja, vaidade passa longe vira a esquina e da tchau.
O primeiro estetoscópio, aparelho de pressão, termômetro, fita métrica, lanterna ... Tudo é novidade, festa. O esteto vai para o pescoço como se fosse uma medalha, o estudante de enfermagem se divide em cabeça, tronco, membros e esteto, o restante do material vai numa bolsinha que carregamos para todos os lugares e o álcool gel é o nosso mais novo batom, não podemos sair sem ele.
É muita informação para tão pouco tempo de curso. As medidas a serem tomadas são radicais, mas logo nos adaptamos e o costume torna-se um grande amigo. O conhecimento salta aos nossos olhos de uma maneira tão interessante, que o restante vira algo irrelevante, secundário. Quando a enfermagem nos abraça fica difícil não se apaixonar por ela.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
1º Semestre (Cap. 3)
A Universidade é algo grandioso, a começar pelo prédio. Nos perdemos constantemente, entrar em sala errada é comum. Troca de professores, uns encantadores, outros....nem tanto. Faz parte da vida, aprender a conviver com todo tipo de gente começa nas salas de aula. Nos perdemos nos horários, chegamos atrasados e perguntamos tudo, tudo mesmo, até um espirro do professor nós queremos saber Por que.
A compra do primeiro jaleco. Momento mais esperado por qualquer estudante da área da saúde. Na matricula já estamos pensando em como será o jaleco, até que chega o professor e joga um balde de água fria dizendo...” o jaleco será todo branco”. Nada! Nenhuma estrelinha, nenhum bordado, nada de cor de rosa.
O primeiro semestre do curso de Enfermagem é um tratamento de choque. Começa pela Anatomia. Um aglomerado de corpos, pedaços de pernas de braços, e ossos espalhados numa sala. Um cheiro insuportável do formol leva-nos as lágrimas, enjôos, espirros. Até que um dia se acostuma e começamos a achar tudo aquilo um espetáculo da criação. A anatomia humana é assim do terror ao amor em apenas duas semanas.
Somos sufocados por um código de ética profissional. O que devemos e o que não devemos fazer, o que seguir, como tratar o cliente ou os colegas de trabalho. Tudo se encontra num livro que temos ler e reler para que não haja nenhuma falha no atendimento.
Na introdução a Enfermagem aprendemos que a pesar do brilhantismo da Florence e da coragem de Ana Nery, não queremos ficar solteiras o resto da vida. “Meu Deus, elas morreram sem casar!”. É o segundo grande impacto depois das aulas da anatomia. Passamos pela Didática, onde aprendemos a comunicação em público, como se portar e não escapamos das constrangedoras dinâmicas. Por alguns momentos eu penso que nunca ninguém avisou aos professores de didática que nós não ficamos muito confortáveis com as dinâmicas, deve existir um outro jeito de nos descontrair, eu ainda vou descobrir.
Trabalho cientifico, grupo de pesquisa, tudo isso é procurado no primeiro semestre no auge da empolgação de um futuro enfermeiro. Uma carreira que começa a ser traçada na graça e na beleza do cuidado.
Mas enfim, sobreviventes ao primeiro semestre, ingressamos no restante no curso que terá duração de quatro anos e meio e o que não faltará serão estórias para contar.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
De repente a gente se depara com algumas realidades.(Cap. 2)
Quando se opta pela Enfermagem passamos por um pré- conceito insistente e irritante que toma forma quando surge a pergunta : “Por que não medicina?”. Normalmente feita pelos pais, essa pergunta vem acompanhada de um sermão que dura mais ou menos vinte minutos. Todo estudante de Enfermagem já ouviu pelo menos uma vez na vida alguém dizer: - Mas você esta tão perto da Medicina, porque não tentar o vestibular mais uma vez?
Sinceramente, eu não entendo porque as pessoas não conseguem aceitar o fato de alguém optar por ser enfermeiro e não medico, pelo simples fato de se sentir vocacionado a acompanhar o paciente mais de perto, zelar pela sua melhora e acompanhá-la passo a passo. A enfermagem não se detém a uma passagem rápida do medico e não se prende a um consultório que dedica dez minutos a cada paciente. É a construção de um relacionamento de amizade e cumplicidade que aliado a medicação torna a cura mais palpável.
Observar a Enfermagem através do olhar de uma estudante pode ajudar a você a entender porque escolhemos essa profissão desgastante, confesso...Mas extremamente gratificante.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Como tudo começou... (Cap. 1)
No ano de 2007 ingressei no curso mais lindo que já conheci em toda a minha vida, porém o “algo mais” ainda me perseguia,alguma parte da minha vida não estava completa. Percebi então que uma paixão da infância precisa de um pouco mais de atenção, foi aí que a Literatura aliou-se a Enfermagem e surgiu a idéia de escrever de maneira simples algo que contasse um pouco das aflições e das alegrias que os estudantes de Enfermagem passam durante o curso.
A arte do cuidar e a satisfação de proporcionar o conforto a um organismo debilitado une-se a beleza da escrita e permite a vocês leitores a experimentar a vivencia de um estudante, tudo o que se passa na Universidade na descoberta que o conhecimento nos proporciona.
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